Colóquio Internacional de Convergencia. “Ética do real. Poética e política do ato psicoanalítico”

18 e 19 Junho 2022

Modo virtual, via Zoom

Organizam:

GRITA. Grupo de Investigación e Intervención Psicoanalítica

Escuela Freudiana de Montevideo

Comisión de Enlace de Tucumán: Escuela de Psicoanálisis de Tucumán, Grupo de Psicoanálisis de Tucumán, Trieb Institución Psicoanalítica.

FUNDAMENTAÇÃO  

“A função do ato à medida que esse fazer psicoanalítico envolve profundamente o sujeito”
J. Lacan Sem. O Ato Analítico

Este Colóquio é proposto como atividade preparatória do VIII Congresso Internacional de Convergência “O que ética para a psicoanálise hoje em dia?”. Pelo qual convocamos as associações membro a um trabalho que nos permita abordar essa problemática a partir da Ética do Real, Poética e Política do Ato Analítico.

A Psicoanálise baseia sua praxe a partir de uma verdade “não toda”, na qual cada analista é convocado a tomar uma posição para realizar seu ato. Dessa maneira, convoca o sujeito a ser-sendo, enquanto é submetido à verdade que o sintoma revela. Posição e ato, política e savoir y faire, se articulam em uma função que opera e adquire corpo nesse mesmo ato. Se a política da psicanálise é o sintoma, sua abordagem implica um savoir y faire do analista. É aí onde o Real nos propõe uma ética. O caminho que se traça desde o inconsciente freudiano Unbewusste como o insabido, até o inconsciente como o Um equívoco: L’une bévue e onde o insabido é sabido pelo Um equívoco, exige outra incidência do analista.

Se trata de um trabalho do analista que transcende a dimensão lingüística da linguagem para operar desde a função poética. Dessa forma, o analista não é um poeta mas opera como um, para revelar outra forma de habitar a linguagem.

Sob esse panorama, o coração da problemática da interpretação na experiência analítica está baseada na poética, enquanto poíesis que faz com que, o que não é, seja. Nesses termos uma ética do Real levanta que “cada psicanalista seja forçado…a reinventar a psicanálise”. Tal afirmação implica que nos perguntemos: até onde vai a reinvenção da psicanálise? “O que acarreta para o analista um fazer articulado à dimensão poética e a uma ética do real? como pensar a posição do analista frente à política do inconsciente na época atual?

O vínculo entre o fazer poético, a clínica e o Real, está justamente na abordagem das diferentes dimensões da linguagem, privilegiando sua vertente de ritmo, consonância e equívoco.

Abordar o sintoma para dar-lhe sentido enriquece sua vertente prazerosa, por isso a incidência do  analista visa  o  trabalho  da  invenção.  As evocações sonoras  vão aproximando o indizível e fazem retroceder as fronteiras do expressável. Se abre assim a possibilidade de pensar o saber não como um corpus já estabelecido, mas sim como algo que no ato se produz. Se trata de um “saber aí fazer com”. Finalmente, recorremos a Octavio Paz para expressar o que entranha o ato poiético, para convidar à reflexão sobre o ato analítico a partir de uma ética que convoca a tocar o real:

“Por obra da  poesia,  a  pedra  da  estátua,  o  vermelho  do  quadro,  a  palavra  do poema, não são pura e simplesmente pedra, cor, palavra: encarnam algo que os transcende  e ultraspassa.  Sem perder seus valores primários, seu peso original, são também como pontes que nos levam à outra margem, portas que se abrem a outro mundo de significados indizíveis pela mera linguagem”.[1]

Esperamos com entusiasmo que o trabalho que este coloquio convoca seja a posta em ação que nos permita criar novos litorais na Convergência.


[1] Octavio Paz. El arco y la lira. (México: Fondo de Cultura Económica, 2003), p. 22

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