Colóquio Internacional 2019: Crise na cultura

Vamos partir de uma diferença considerada como estabelecida e admitida : cultura e civilização. Mesmo que Freud tenha ficado somente com a palavra kultur. A cultura concerne um sujeito, e a comunidade (o coletivo) da qual ele participa ; enquanto que a civilização toma um caráter geral, senão universal. Ora, hoje em dia, global e neoliberal sob um fundo de capitalismo universal, a civilização submete a cultura de cada um a seu próprio ordenamento. A partir daí a cultura, compreendendo a comunidade, encontra-se em crise, face às exigencias expansivistas da civilização. Lacan falou aqui de « facticidade » : delírios, organização em campos, taxonomia e segregação dominantes indo contra todo laço que articule os fatos sociais entre eles e os sujeitos. Estes tornam-se atores de uma mutação social e de progressos tecnológicos vertiginosos levando aos limites do « tudo é possível » (tout-posible). O sujeito, doravante submetido aos algoritmos que pensam por ele e a « conexão total » que o serve, correria o risco de, ao desfrutar da maquineria numérica, ter sua subjetividade atrofiada ? Estas duas instancias, a gestão universal do neoliberalismo e os progressos fascinantes da cientificidade, não estariam promovendo o indivíduo em detrimento da dimensão subjetiva ? Como fica a psicanálise face a estes novos desafios ?


Trabajos Presentados