¿Cual ética para a prática psicoanalitica hoje?

Barcelona, 24, 25, 26 e 27 de maio de 2023

A psicanálise, desde Freud, enfrenta diversas resistências. Atualmente, é  desafiada pela neurociência e pelo cognitivismo. Várias psicoterapias  também concorrem com ela, inclusive na esfera religiosa. Em alguns  países, tende a ser excluído dos atendimentos de saúde pública ou de  ensino.

Nos últimos cinquenta anos, uma série de mudanças políticas, sociais e  técnicas típicas da fase neocapitalista em que vivemos afetam tanto os  indivíduos que nos consultam por seu mal-estar quanto a nós mesmos,  psicanalistas, já que somos todos sujeitos divididos desta civilização  científica. 

Lacan propôs uma escrita do discurso capitalista em que o vínculo social  não é mais articulado ao impossível. A ideologia cientificista alimenta a  ilusão de que tudo é possível e que o crescimento econômico pode ser  infinito. Um impulso para o consumo gerou dívidas impagáveis para  indivíduos, empresas e nações. Não há mais padrão monetário para se  referir, e os mercados estão superinflados em uma corrida precipitada que  cria novas bolhas. Não admira, então, que as desigualdades e a destruição  do planeta tenham chegado a extremos dos quais é difícil voltar. 

Estamos em uma civilização que objetaliza os sujeitos e empurra para o  gozo, o que induz a ansiedade de despersonalização e depressão que  tentamos aliviar através do consumo de objetos, drogas ou psicofármacos.  Álibis que só aprofundam a alienação do sujeito diante de seu sofrimento  e de seu desejo. 

Como tudo isso influencia a formação e a prática dos psicanalistas? 

Quais são os efeitos da redução da frequência das sessões de análise ou  controle? 

Como podemos intervir quando muitos dos pedidos que recebemos não  vão além da resolução – rápida se possível – da angústia ou do sintoma?  Que conduçao do tratamento poderia levar os pacientes a realizarem uma  análise adequada? Qual a direçao da cura? 

Que efeito isso tem na transferência quando os laços e os  relacionamentos amorosos se tornam superficiais? 

Com a generalização das sessões online, quais são as consequências para  o nosso ato e para o elaboração dos analisandos? 

Os ensinamentos de Lacan sobre o discurso psicanalítico como o avesso do discurso do Mestre, e sobre o desejo do analista que nos leva a ocupar  o lugar de objeto causa do desejo em relação ao analizando, são  essenciais para responder a essas questões.

Este Congresso pretende abrir um debate sobre estas questões e outras  que possam surgir em relação à ética que norteia a nossa prática, a partir  da subjetividade do nosso tempo.

Comisión Organizadora: Cercle freudien, Dimensions de la Psychanalyse, Fondation Européenne  pour la Psychanalyse, Psychanalyse Actuelle, con la participación de  Associaçao Psicanalítica de Porto Alegre y la Escuela Freudiana de Buenos  Aires.