Colóquio de Convergencia em Paris “MAL-ESTAR, CASTRAÇÃO, ALTERIDADE”

16 e 17 de maio de 2025 – USIC: 18 rue de Varenne, 75007, Paris, Francia

O que chamamos hoje “castração”, o que chamamos “alteridade” e quais são suas incidências sobre o mal-estar de nossa época?

O Outro e os outros – nossos semelhantes – são estruturalmente necessários para nossa constituição subjetiva: não há sujeito sem sua inscrição no campo do Outro. O Outro faz parte de nós, essas vozes nos falam e falam por nossas bocas sem que o saibamos. Vozes de desejo ou de amor, mas também de ódio e rejeição.

As contradições de nosso desejo se expressam em nossas fantasias e sintomas em uma dialética de alienação e separação. Um bebê espera que sua mãe o alivie das pulsões que o agitam. As crianças esperam amor e reconhecimento de seus pais para que possam canalizar suas pulsões. Os adolescentes e os jovens esperam que aqueles do outro sexo lhes permitam sustentar suas identificações sexuais e compartilhar as sublimações. Os adultos esperam reconhecimento no trabalho e no seio da família. Estamos sempre esperando que os outros nos aliviem da insatisfação irredutível de nosso desejo.

O desejo inconsciente é o desejo do Outro, ou seja, sua falta-a-ser, sua castração, como tal impossível de ser preenchida.

O mal-estar atual evoluiu desde a época de Freud ou mesmo de Lacan. Além do conflito clássico entre o recalcado e o retorno do recalcado, que subsiste, estamos lidando cada vez mais com excessos de gozo que não podem ser resolvidos e exigem um corte simbólico. O superego tornou-se mais sádico e se descarrega de forma bem mais violenta.

Os diagnósticos psiquiátricos de estados limites, bipolaridade, hiperatividade, autismo e toxicomania têm se multiplicado.

Observemos que essa elevação em potência do gozo só faz exacerbar o isolamento e a solidão, em outras palavras, leva à ruptura os laços sociais e à dificuldade de dar sentido à existência.

O discurso capitalista instiga passagens ao ato a partir de seu traço típico: o anonimato. Muitos indivíduos, atualmente, estão angustiados com sua identidade (sexual, nacional, racial etc.) pelo fato de não conseguirem encontrar uma resposta para a questão de sua falta-a-ser em outro lugar senão no imaginário.

O discurso analítico se opõe a tudo isso. Ele é subversivo porque dá voz ao sujeito para que ele possa expressar seu mal-estar e as contradições de seu desejo. Isso pode permitir que ele invente uma solução singular, em seu nome próprio.

Este colóquio se propões a abordar essa problemática que interroga a ausência ou inconsistência dos limites estruturantes para a psique, tanto a partir da diversidade de seus efeitos clínicos quanto de seus efeitos societais e políticos atuais.

Se a psicanálise, em seus primórdios,  contribuiu para liberar  o indivíduo do peso das normas e das proibições sufocantes da moralidade burguesa e a promover as liberdades individuais – as das minorias e as das mulheres –, será que a situação, hoje, não se inverteu completamente, uma vez que os interditos civilizatórios e o princípio da temperança estão sendo minados sob a pressão cada vez maior do capitalismo globalizado, predatório e uniformizador que abole fronteiras, singularidades e diferenças tendo como consequência a explosão de lutas e guerras intermináveis?

Que lugar, inclusive na linguagem, há para a divisão do sujeito em um novo mundo cada vez mais governado pela inteligência artificial, pelo digital e pelo virtual? Teremos prazer em nos encontrarmos em Paris, em maio, para debatermos estas questões.

Taxas de inscrição:

  • Palestrantes institucionais: 80€ por palestrante no colóquio.
  • Tarifa pública: 80€ para os dois dias (presencial e online)
  • 40€ apenas para a modalidade online
  • Metade do preço para estudantes.

INFORMES: convergencia-paris-2025@outlook.com

ORGANIZA:
Las asociaciones del CLF, 
Les Cartels Constituants de l’Analyse Freudienne (CCAF)
Le Cercle Freudien
Dimensions de la Psychanalyse
Fondation Européenne pour la Psychanalyse (FEP)
Psychanalyse Actuelle

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