IX Congresso Internacional de Convergencia
O que a psicanálise diz sobre o amor e a violência?
12 a 14 de março de 2026, Puebla, Mexico
MAIS INFORMAÇÕES NO SITE DO CONGRESSO: https://ixcongresoconvergencia.org/
A formulação freudiana em O mal-estar na civilização aponta para a impossibilidade da empreitada de alcançar a felicidade. A renúncia à satisfação pulsional é o preço que cada sujeito paga para ingressar na ordem social. O laço, o mal-estar, a insatisfação, a cultura, o sintoma e a pulsão de gozo são inerentes à condição humana e fazem parte do mal-entendido que funda a subjetividade, articulada ao trauma da linguagem.
As condições contemporâneas de ruptura dos laços sociais se evidenciam no sofrimento do sujeito, revelando os efeitos produzidos pelos discursos dominantes. No entanto, a psicanálise articula o mal-estar e os sintomas sustentando uma posição ética e política fundamentada no “não-todo” que diz respeito ao sujeito do inconsciente — base da própria práxis psicanalítica.
Discursos sobre homogeneização, felicidade, sucesso e satisfação imediata coexistem com o aumento da insegurança, da violência, da pobreza, do descontentamento social, entre outros. Dessa forma, proliferam os imperativos do consumismo, da medicalização, do furor curandis, da urgência e do gozo sem limites — gerando o desconhecimento do outro, com impactos sobre a angústia, a destrutividade e a segregação. Seriam esses os efeitos de uma política capitalista sustentada pelo necropoder que rege o cenário mundial atual? Em contraste com os efeitos decorrentes dessa lógica, a psicanálise propõe outros caminhos: ao dogma, opõe a heresia; à repetição, a invenção; à segregação, a diferença.
Lacan já nos advertia que, embora o capitalismo avance tão rapidamente a ponto de morder o próprio rabo, em nossa época vemos claramente o que ele disse na conferência realizada no Hospital Sainte-Anne, em Paris, sobre os efeitos do capitalismo no discurso e no laço social: “O que distingue o discurso do capitalismo é a Verwerfung, o foraclusão, a rejeição para fora de todo o campo do simbólico […] Rejeição do quê? Da castração. Toda ordem, todo discurso que se alinha ao capitalismo deixa de lado, meus amigos, aquilo que chamamos simplesmente de as coisas do amor.” Se acompanharmos Lacan no Seminário 20, deixar de lado as coisas do amor implica abandonar “o eixo de tudo o que foi instituído pela experiência analítica”.
A velocidade com que o mercado opera gera uma urgência que caracteriza a vida cotidiana. Sob o estatuto de que tudo é possível, o discurso da ciência tende à universalização e, como consequência, recobre a falta estrutural, prejudicando a capacidade de questionar a perda e a dor, ao oferecer respostas homogêneas diante de qualquer situação tratada como traumática. Esse modo de operar busca apagar a diferença trazida pelas coisas do amor e, ao afirmar a existência da relação sexual, acaba promovendo a violência. É a passagem da palavra à coisa — onde o tempo para compreender é eliminado. A pressa suprime qualquer demora, parecendo apagar o espaço necessário para inscrever na fantasia, na memória e na lembrança o trauma originário. Nessa configuração, o sujeito parece fora do trilho do desejo, entregue ao desamparo do acting out promovido por um gozo sem limites. O analista, por sua vez, se oferece como leitor, justamente onde a urgência deixou tudo dissolvido.
Diante desse panorama, podemos nos perguntar: é possível abordar o trauma como um real inacessível, articulando-o à violência que rompe os laços sociais? O trauma traz uma mensagem a ser decifrada ou revela que algo é equívoco e potencialmente articulável? O que a psicanálise pode inscrever na urgência por meio de sua práxis? O que o analista escuta, o que lê no trauma que irrompe na urgência? Como trabalhar a partir da urgência para possibilitar a emergência do sujeito? A fratura dos laços sociais afeta os modos de instauração da transferência na análise? Como sustentar uma análise quando as demandas que nos chegam não vão além da urgência de eliminar a angústia e responder ao imperativo da felicidade? Será que as coordenadas da época nos convocam a repensar a posição ética e política do discurso psicanalítico — e dos psicanalistas inseridos na polis?
Eixos Temáticos
1. Trauma e Mal-estar. Ruptura do laço social, violência segregacionista e sintoma na cultura contemporânea.
2. Ética e política da Psicanálise em tempos de urgência, desamor e desamparo.
3. As faces do amor e da violência na clínica psicanalítica.
4. Psicanálise em extensão ou a extensão da psicanálise — novos dispositivos?
5. Arte, invenção, sublimação… algumas saídas possíveis.
Dispositivo de Trabalho
O dispositivo busca construir uma estrutura que viabilize a participação e o encontro do maior número de instituições vinculadas ao movimento, com o objetivo de fortalecer nossos laços de trabalho. Para isso, propomos retomar o que já existe, de modo a possibilitar, a partir daí, novas formas de entrelaçar espaços, tempos, posições e laços que promovam o diálogo e a troca.
Consideramos importante lembrar que o discurso da psicanálise visa sustentar a diferença frente à universalização proposta pelos discursos dominantes. Por isso, é fundamental criar um tempo e um espaço para compreender — sem permitir que a pressa e a urgência se tornem os modos de operação impostos pela lógica vigente.
Diante desse cenário, apostamos na possibilidade de fazer emergir um saber-fazer com aquilo que foraclui a castração. Nesse sentido, buscamos criar um espaço de encontro corpo a corpo — tão necessário para estabelecer laços e sustentar o discurso da psicanálise. O Congresso será realizado presencialmente nos dias 12, 13 e 14 de março de 2026, na cidade de Puebla, México.
Modalidade de Apresentação
1. Plenárias com representantes institucionais.
2. Grupos de trabalho no marco da convergência.
3. Apresentação de trabalhos individuais.
4. Mesas de equipes institucionais.
Se quiser enviar um artigo, envie um e-mail para: inscripcion.convergencia2026@gmail.com até 31 de novembro, com os seguintes detalhes:
a. Nome completo do autor ou coordenador do grupo, conforme o caso. b. Tipo de apresentação da qual você deseja participar.
c. Área temática em que deseja participar.
d. Nome da instituição à qual você pertence.
Após o envio das informações, você receberá um e-mail de confirmação e a aceitação do seu trabalho será acompanhada.
Custos do Congresso
O valor da inscrição no Congresso é de R$3.500 pesos mexicanos, com descontos para pagamento antecipado.
Inscrição no Congresso
Descontos para pagamento antecipado:
Pagamento até 31 de agosto de 2025: R$3.000,00 MXN Pagamento até 31 de outubro de 2025: R$3.300,00 MXN
Pagamento a partir de 1º de novembro de 2025: R$3.500,00 MXN Observação: Os valores estão em pesos mexicanos.
Forma de Pagamento
Pagamentos via PayPal:
Nome: Pablo Nudelman Osorio
PayPal: @PNudelman
E-mail: p_nudelman@hotmail.com
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