7° Congresso Internacional de Convergência

 A Psicanálise Inserida na Polis. Fundamentos, Práticas, Perspectivas

Argumento

“A Psicanálise continua. Fundada por Freud e após a morte de Lacan, existe em seu discurso.”

Assim começa a Ata de Fundação de Convergência (1998). A vinte anos deste ato inaugural, afirmamos que a Psicanálise está inserida no mundo, em cada cidade onde seu discurso se desdobra; hoje faz parte da cultura, constituindo uma referência inevitável de todo pensamento que se interroga sobre o padecimento subjetivo.

Que leitura fazemos da situação da psicanálise? Colocar isso em questão será a tarefa deste VII Congresso.

Vivemos em uma época em que a globalização capitalista não deixa de produzir crescentes fenómenos de segregação: populações inteiras são expulsos do sistema dando lugar à fome, deslocamentos em massa, desenraizamentos. Milhões de pessoas vivem em condições de “refugiados”, ao mesmo tempo que setores crescentes da população não têm acesso ao trabalho, à educação, à saúde. Isso alimenta movimentos nacionalistas, racistas, xenófobos. O discurso dominante, caracterizado por Lacan como “discurso capitalista” tende a apagar todo limite, a liquefazer os topes éticos diante dos quais deveríamos deternos. Isto torna-se patente na violência do laço social, na predação do planeta, em um discurso da ciência que conduz à foraclusão do sujeito.

Como a psicanálise é inserida nessa realidade? Sabemos que a psicanálise surge em um determinado momento sócio-histórico, um momento em que o discurso da ciência permite abrir o campo da subjetividade, enquanto manifestava sua insuficiência a respeito a esse real que cernía. Hoje, esse mesmo discurso da ciência vai obturar o campo da subjetividade? Não podemos subtrair-nos deste debate.

Quando afirmamos que “a psicanálise está inserida no mundo” isto não é sem as dificuldades que em cada lugar se suscitam. É constatável que em diversas cidades, os psicanalistas foram incorporados em serviços de saúde públicos e privados, nas práticas educativas, em âmbitos jurídicos e em intervenções no coletivo. É necessário, portanto, questionar os avanços que isto determina, os efeitos que são gerados, assim como os obstáculos que se apresentam. Ou seja, dar conta dos fundamentos e das perspectivas da psicanálise em intensão e em extensão, ao mesmo tempo que abrir o debate sobre as diversas práticas sobre a extensão da psicanálise.

Este Congresso se propõe a debater as questões que surgem a partir da inserção da Psicanálise e dos psicanalistas em sua cidade; a tempo que poder situar as resistências “externas” ao campo da psicanálise, o que não nos deve extraviar das resistências internas, aquelas que surgem em nosso próprio campo.

O tema que propusemos como título espera operar como convocação aos integrantes das distintas instituições de Convergência, a praticantes da psicanálise que não estão associados e a estudantes universitários interessados em Freud e Lacan.

A proposta é um Congresso em que possamos sustentar uma interlocução sobre as diversas modalidades em que sustentamos a clínica do sujeito, formulando problemas da prática psicanalítica hoje, em distintas geografias e em condições sociais diversas.

Estamos convencidos de que sustentar hoje esta clínica do sujeito não é só para manter a vigência da descoberta freudiana, senão uma posição ética no mundo em que vivemos